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Mano “morto”, Pep posto. O Brasil quer

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Mano Menezes já era! Foi tudo muito rápido e de forma bastante inesperada. Ao contrário do Papai Noel, os velhinhos da CBF nunca tiveram nada de bons. Mas é preciso reconhecer que dessa vez eles se superaram. Agiram de forma “corleônica”. Foram sorrateiros, calculistas e extremamente frios. Permitiram que Mano se sentisse confortável no cargo, mesmo após o vexame na final da Olimpíada, quando quase todo mundo dava como certa a sua demissão; fingiram atender ao pedido do ex-presidente Lula, que intercedeu descaradamente em favor de seus pupilos, o treinador e o diretor de seleções, o parceirão Andrés Sanches e concordaram com aqueles amistosos patéticos contra China, Iraque e afins, de modo que o treinador pensasse que contava com o apoio da chefia. Não duvido que até tenha partido deles a sugestão pra que os jogos fossem marcados. Pobre Mano. Mal sabia ele, mas sua cama já estava feita há tempos. A manobra arquitetada pelo trio Teixeira, que longe dos holofotes e da perseguição por parte da imprensa está mais à vontade do que nunca pra ser o capo di tutti capi do futebol brasileiro, Marin e Del Nero é de fazer inveja ao Michael Corleone e deixar Maquivel orgulhoso.

Mano não vai deixar a menor saudade. Nos dois anos que passou lá, teve um dos piores desempenhos de toda a história. Não ganhou um só joguinho contra qualquer seleção de ponta. Pior, apanhou de quase todas. De algumas, bem feio. Chegou com a seleção em quinto no ranking da Fifa e a deixa em décimo-terceiro lugar, atrás de “potências” como Grécia, Croácia e Rússia. Por mais questionável que esses rankings possam ser, nada justifica uma posição tão medíocre. Além disso, forçou demais a barra em certas convocações, levantando sérias dúvidas quanto à motivação pra que as fizesse. Também demorou muito a achar um time. Até vinha se acertando, mas não estava essa Coca-Cola toda, não. Quando pegou um adversário melhorzinho, como a Colômbia, por exemplo, não passou do empate. Portanto, olhando somente o retrospecto do cara no cargo, a demissão se explica. O timing é que chama a atenção. Podia ter acontecido logo depois da Olimpíada. Mas, não. Eles esperaram o ano acabar, deixaram todo mundo acreditar que a gente ia pra Copa com Mano Menezes, mesmo, e aí tesouraram o maluco. São precisos sangue frio pra agir desse jeito e estômago forte pra continuar gostando de futebol sabendo que é assim que as coisas funcionam. A gente sabe como as lingüiças são feitas, mas nem assim deixa de comer. E eles estão ligados nisso.

Mano, agora, é passado. A pergunta que não quer calar, o “quem matou Odete Roitman” da vez é: quem será o novo técnico da seleção? Apostas já estão sendo combinadas, especulações rolam soltas, telefonemas de “fontes” a jornalistas pipocam nos quatro cantos do planeta, todos garantindo que esse ou aquele já está fechado com a CBF. O MUNDO quer saber quem será o homem que terá a responsabilidade de conduzir o maior campeão mundial de todos os tempos a mais um título, dessa vez, dentro de casa. A torcida, entretanto, já fez sua escolha: Josep Guardiola.

Guardiola é o melhor nome que pode haver. Não só pra assumir a seleção, mas, principalmente, pra mudar a cara do futebol que a gente anda fazendo por aqui. Trata-se de um cara apaixonado pelo jogo bem jogado, que venera o estilo que criamos e que nos fez ser o que somos nesse negócio, que confessa sem o menor pudor se inspirar e tentar dar aos seus times uma cara brasileira. Guardiola é um obcecado pelo bom futebol; sujeito elegante, sem ser coxinha; que não dá muita trela pra imprensa – nunca concede entrevistas exclusivas -; que responde e corresponde a tudo dentro do campo, trabalhando, botando seu time pra jogar bola. Não é isso que a gente vem pedindo há um tempão? Então? A bola tá ajeitadinha. É só meter a pata nela e marcar esse golaço.

As coisas mudaram. O futebol de hoje é diferente, porque os jogadores de hoje também são. A realidade é outra e a gente tem que se adaptar a ela. Então vamos parar de palhaçadinha e tentar fazer o melhor com o que temos à disposição. E a real é que os treinadores agora são muito mais importantes do que eram antigamente. Pelo menos pra nós. A maré virou e chegou a hora de os nossos mostrarem trabalho, coisa que não sabem. Imagina o susto que os entregadores de camisa e gerentes de vestiário mais bem pagos do universo iriam tomar, se a CBF aprontasse uma dessas? Rapidinho começariam a se coçar e tratar de aprender como é que as coisas funcionam, hoje em dia.

Pros jogadores e imprensa também ia ser ótimo. Imagina se o Neymar vai ficar dançando o “Kong” sabendo que tem um cara de Armani e gola rolê olhando pra ele da beirada do gramado? Ou se um daqueles repórteres engraçadinhos vai se atrever a perguntar quantos cremes o Guardiola carrega na mala, ou se ele usa necessaire? É outro papo, cara. Neguinho vai (re)aprender a focar nas coisas que importam, em vez de fazerem dessa porra um picadeiro.

Bom, isso é o que eu espero, pelo menos. É até bom demais pra ser verdade. Mas, se é pra mudar alguma coisa, vai ser com alguém de fora. Digam o que quiserem, mas fato é que os daqui não têm a menor condição. A CBF tem a grande chance de mudar não só a cara da seleção brasileira, como também a do atual futebol brasileiro como um todo. No momento que vive o Brasil, a chegada de um cara desse nível poderia ser uma guinada gigantesca no jeito de se pensar e fazer futebol aqui, tanto dentro quanto fora do campo. Além de atrair mais ainda a atenção do mundo pra cá. A credibilidade que ele empresta é capaz de trazer mais e maiores investimentos. Enfim, todos saem ganhando. É vantagem pra geral.

Eu torço demais pra que venha. É o meu preferido. Aderi à campanha #VemPep no instante em que a queda do Mano se confirmou. Os que não aceitam nem ouvir falar na hipótese, os “pachequinhos”, o fazem sem qualquer justificativa sóbria ou mesmo inteligente. É pura bravataria, coisa de brasileirinho, de gente que adora encher a boca pra falar que “temos o melhor futebol do mundo e não precisamos de nada que venha de fora” e ignora a realidade que lhe é esfregada na cara praticamente todos os dias. Cuidado com eles! Os que rechaçam a idéia baseados nesse argumento tosco são os mesmos que aplaudem o Seedorf no Botafogo, que dizem que com sua experiência e bagagem ele ajuda muito a fortalecer o alvinegro como time e como clube. Vai entender.

Qualquer um que goste de verdade de futebol e não feche os olhos pro fato de que a bola jogada por aqui está cada vez menor, que nossos jogadores, hoje, não fazem mais a mesma diferença que já fizeram, sabe que é preciso dar uma chacoalhada grande. Além disso, no que diz respeito à profissionalização do esporte, estamos muito, mas muito atrasdaos. Os caras que temos à disposição não bastam pra bancar uma mudança desse tamanho. Nos acomodamos e agora pagamos o preço. Só que não há vergonha alguma em reconhecer e consertar. Deixar passar essa chance baseando-se somente no argumento de que nunca tivemos um estrangeiro no cargo, então pra que mudar, é estúpido. Poucas vezes se ouviu tamanha burrice, já que nunca antes na história dessa país o futebol praticado esteve tão longe daquele que um dia foi rotulado de futebol-arte.

Pep é o homem certo pro desafio. Acredito que Felipão, Muricy e Tite, qualquer um deles, vai se sair melhor do que se saiu o Mano. E não duvido que possam ganhar a Copa. É possível, sim. Mas só vão resolver esse problema. É importante, mas é pouco. Nenhum deles vai conseguir realizar a transformação de que a gente de fato precisa. Tomara que percebam isso e façam a coisa certa, pois raramente se consegue estar diante de uma oportunidade tão boa de colocar país de novo no topo do futebol mundial.

Abraços,
Tatu


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